08 março, 2011

Vai que é tua, Taffarel

Clarice Lispector, Homem-Aranha e Galvão Bueno já pregavam: vamos assumir mais nossas responsabilidades
 
Outro dia vi o Homem-Aranha com meu filho.  Me encantei com a história do menino que ganha poderes ao ser picado por uma aranha.  Mas o tio dele, antes de morrer, alerta: “Grandes poderes trazem junto grandes responsabilidades”.  O que me fez pensar que está cada vez mais difícil formar super-heróis.

Uma colega de trabalho levou um susto tempos atrás.  Em sua primeira viagem a campo, em um lugar remoto do Brasil, começou a sentir dores nas pernas.  Procurou o médico local, que especulou ser trombose.  Mas ele não tinha equipamentos para confirmar o diagnóstico, e liberou a garota.  Dois dias e muitas viagens de barco e avião depois, ela foi atendida e medicada.  Mas a trombose poderia ter sido confirmada apenas pelo diagnóstico clínico – os sintomas e o histórico familiar eram ululantes.  Se o médico a tivesse medicado e orientado ali mesmo, minha colega não teria corrido os riscos que correu, do alto de seus 23 anos.

Outra amiga foi ao ginecologista porque sentia um caroço no seio.  O médico mal a olhou e imediatamente pediu exames.  Lá foi ela, para os exames todos, por dias sendo perseguida pelo fantasma do câncer.  Pois então resolveu ir em um tio médico, que olhou, apalpou o tal caroço, conversou com ela, olhou mais uma vez, grudou um bife em cima e voilà – o câncer saiu: era um berne, uma nojenta larva de mosca que cresce embaixo da nossa pele.